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Paulo de Oxalá

A Originalidade do Professor Fernandez Portugal


Nascido em 1950, Gumercindo Fernandes Portugal Filho é filho de pai político e diz que herdou do pai o jeito revolucionário e destemido.


Foi batizado na Igreja Católica e foi levado por sua mãe aos 14 anos a um Terreiro de Umbanda, no Bairro da Penha. Conheceu a saudosa Ègbọ́nmi Dila de Ọbalúwáiyé e aos 23 anos foi iniciado em um Terreiro da Nação Ijẹṣa, na Baixada Fluminense, onde recebeu os primeiros ensinamentos litúrgicos do Candomblé e ficou até o final dos anos 80.


Estudou jornalismo e o seu interesse pela cultura afro lhe levou a pesquisar o Candomblé. No final da década de 80, viajou várias vezes para Nigéria, onde também foi iniciado no culto de Ifá, recebendo o Orúko Bàbá Ifanimora. Começou a frequentar programas de rádio sobre cultura afro de grandes comunicadores da época, como Bonerges Lavra, Armando de Carvalho e José Beniste, que para Portugal, é um dos maiores especialistas em língua yorùbá do Brasil.

Acrescentando o Z em Fernandes, passou a assinar, Fernandez Portugal Filho e criou a Yorubana, entidade pioneira e direcionada na divulgação da cultura afro-brasileira e religião yorubá. A Yorubana também foi uma das primeiras entidades no país a proporcionar curso de língua yorùbá e apostilas com conteúdos afro-religiosos.


Segundo Fernandez Portugal, o apoio da imprensa na época, foi fundamental para o sucesso do empreendimento. As críticas vieram, mas se comparadas ao apoio da maioria, não foram relevantes.


A repercussão do trabalho lhe rendeu matérias nos jornais: O Fluminense, O Dia, Revista O Cruzeiro, Programa de TV J.Silvestre e José Ribeiro.


Um dos principais distribuidores de seus livros e apostilas era a extinta Livraria Antiquário, na Rua 7 de setembro, através do Sr. Cleber e Otavio.


Modesto, Fernandez não se intitula escritor, e sim autor. Para ele, o escritor tem que ter muito entendimento da língua portuguesa, sem falha alguma. “Sou autor de obra afro-brasileira, não escritor”, diz Portugal.


No final dos anos 80, conheceu através do Bàbálórìṣà Sebastião Rodrigues Alves, o saudoso Senador Abdias Nascimento, e fez parte da comissão que trouxe ao Brasil, Nelson Mandela e o Bispo sul-africano, Desmond Tutu.


Fernandez recorda que ainda no final dos anos 80 vieram para o Brasil muitos estudantes nigerianos que eram iniciados em Ifá. Foi no começo dos anos 90 que chegou o cubano e Bàbáláwo Rafael Zamora. Rafael residiu no Rio de Janeiro e durante 20 anos foi presidente-fundador da Sociedade de Ifá e Cultura Afro-Cubana no Brasil. Para Fernandez Portugal, Rafael Zamora foi o Decano do culto de Ifá afro cubano em nosso país.


Em 1994 viajou para Cuba pela Universidade de Havana onde se tornou professor titular do mestrado em Antropologia Sócio Cultural daquela Universidade.


Portugal avalia com cautela as mídias atuais em relação às religiões afro. “Quando vemos vídeos com conteúdo afro religioso, temos que pensar de que forma eles foram produzidos. Muitos deles são produzidos por grandes emissoras como a BBC de Londres, por exemplo, mas muitos não representam a realidade religiosa que esses cultos são professados.” Portugal analisa esses conteúdos baseados em suas viagens ao continente africano e sua vivência religiosa.


Quanto ao assunto intolerância religiosa, ele enfatiza que é muito triste ver pessoas quebrando símbolos religiosos por ameaça e que isto não é intolerância; e sim, terrorismo. “Temos muito a batalhar para sermos aceitos com respeito.”


Um mestre, um homem dedicado à religião que ressalta: “Estudar uma religião é aprender também os hábitos e a cultura de um povo.”


Axé!


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