Grande prêmio da cultura afro do Rio acontece dia 11
Oṣẹ é o machado de duas lâminas usado por Ṣàngó, terceiro Rei da cidade de Ọ̀yọ́ na Nigéria. Ṣàngó foi um rei viril e justiceiro; castigava os malfeitores e honrava os justos. Por esse comportamento ele é associado à justiça. E foi com o senso de justiça e compensação que o prêmio Oṣẹ mímọ́ (o machado sagrado) foi criado por quatro dirigentes de Terreiros de Candomblé: Bàbálórìṣà Elias de Yánsàn do Ilé Àṣẹ Ẹ̀fọ̀n, Ìyálórìṣà Rita de Ọyá do Ilé Àṣẹ Ọyá Ìyá Mí, Ìyálórìṣà Neném de Yánsàn do Ilé Àṣẹ Ọyá Tọ́lọ̀rẹ́ Ọ̀ṣun e o Bàbálórìṣà Carlinhos de Òṣàgiyán do Ilé Àṣẹ Omi Ọ̀dàrà.
O objetivo do prêmio é promover o fortalecimento da cultura e das religiões afro-brasileiras, valorizar as pessoas que trabalham em prol dessas religiões e os segmentos que enaltecem a diversidade étnica e cultural do país.
Na edição deste ano, serão onze pessoas premiadas em sete categorias: promoção da cultura, manutenção do patrimônio material e imaterial, proteção dos direitos, respeito entre as religiões, serviço social e ações de sustentabilidade, mídia e comunicação e combate ao racismo e à discriminação.
Devido a recentes ataques a Terreiros de Candomblé na Baixada Fluminense, os temas intolerância, liberdade e respeito às religiões afro-brasileiras farão parte do programa, como ressalta a Ìyálórìṣà Rita de Ọyá: “É inadmissível que as pessoas não nos respeitem. Nós cultuamos a natureza; não ofendemos ninguém e somos atacados”. Mãe Rita afirma que é preciso que a sociedade conheça o Candomblé para compreendê-lo. “Há muita agressão direcionada ao nosso povo, e o prêmio Oṣẹ mímọ́ vem mostrar que nós sabemos conviver pacificamente com outras religiões!”.
Ainda nesta edição, acontecerá uma grande celebração entre o passado e o futuro, em exaltação à ancestralidade africana. A Ìyálórìṣà Beata de Yemọjá, falecida no dia 27 de maio deste ano, será homenageada por sua trajetória cultural, política e religiosa.
Para o Bàbálórìṣà Elias de Yánsàn, Mãe Beata é um grande exemplo para todos nós de força e resistência, pois dedicou-se a vida inteira em prol das religiões de matrizes africana e lutou pelo respeito à liberdade religiosa. “Mas do que justa é a homenagem a Mãe Beata, que ficará eternizada na história do Candomblé, por mostrar-se sempre presente e atuante nas causas religiosas”, diz Pai Elias.
A apresentação do evento estará ao encargo do jornalista Marcelo Reis, da atriz Bianca Lima e com a participação especial do ator Milton Filho.
A coreógrafa Eliete Miranda, que dirige a Companhia de Dança ‘Corpafro’, apresentará um espetáculo ao solo da Orquestra de Atabaques Oṣẹ mímọ́ regida por Natanael Souza, com danças representando Yánsàn, Ọbà e Ọ̀ṣun esposas de Ṣàngó, Òrìṣà patrono do prêmio. Toda direção artística da premiação será de Fábio e Rodrigo França.
O prêmio Oṣẹ mímọ́ tem o apoio da prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, e acontecerá no dia 11 de outubro, às 18h, no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, Centro do Rio.
Lààyè Ṣàngó Olúwa Oṣẹ Mímọ́! (Viva Xangô, o dono do machado sagrado!)
Axé!