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Paulo de Oxalá

DOM, VOCAÇÃO E AXÉ


Para os yorubás, quando Olódùmarè (Senhor supremo, Deus) entrega para um ẹ̀mí (espírito) o seu Orí Inú (cabeça interior) junto vem o Odù (o regente da vida).


O Odù é o elemento indicativo do destino que determina as extensões e os limites a serem vividos aqui no Àiyé (mundo). No Odù de cada pessoa encontramos os Ewò (proibições), Gbódò (deveres) e a Èniyànnú (personalidade). Junto com a personalidade vem o Ìríniṣì (dom ou habilidade especial de nascimento). Com o dom a pessoa percebe quem tem a facilidade particular de executar algo que para muitos não é comum. Por ser um dote natural, o dom não precisa de nenhuma formação acadêmica. Por exemplo, quem tem o dom da pintura, pega um pincel e faz um belo quadro sem ter prática alguma de pintura. E são assim, cozinheiros, agricultores, sacerdotes, esportistas, matemáticos, artistas e tantas outras aptidões que são motivadas pelo dom.


Diferente do dom que é natural, a vocação é uma qualidade adquirida ao longo da vida, através de influências familiares e socioambientais. A vocação é a escolha para realizar alguma atividade profissional independente do dom. Uma pessoa pode ter o dom para arte, porém por ter nascido em uma família de advogados e toda sua vida ter sido um aprendizado de pareceres jurídicos e de como se tornar um grande advogado, pode optar ser um advogado, porém a arte adormecerá ali, podendo se manifestar em algum momento da vida em forma de diversão.


Agora tanto o dom quanto a vocação precisam do Axé, em yorubá "Àṣẹ" (força realizadora). Sem o Axé não temos a resistência necessária para vencermos os desafios do cotidiano e alcançarmos as nossas vitórias.


Fazer o que se gosta por dom ou vocação consciente, nos proporciona alegria, irradiando felicidade para os que estão a nossa volta.


Àti dára jé ire layò (É maravilhoso ser feliz!)


Axé!


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