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Paulo de Oxalá

Aos Orixás o céu, aos homens a terra


Um mito yorubá, narrado pelo saudoso Mestre Agenor Miranda dizia que quando Olódùmarè criou o universo, todos podiam transitar livremente entre o Ọ̀run-céu e o Àiyé-terra. A proibição de trânsito e a separação dos dois mundos foram devidas a uma desobediência a Òṣàlá, Òrìṣá responsável pela criação dos seres humanos.


O mito contava que um casal ansioso por um filho procurou Òṣàlá e lhe implorou a realização do desejo. A princípio, Òṣàlá relutou em atender-lhes, mas devido a grande insistência, Òṣàlá aceitou em ajudar-lhes, mas com uma condição: o menino deveria viver sempre no Àiyé e nunca poderia entrar no Ọ̀run.


Como o casal aceitou a determinação de Òṣàlá, logo a mulher engravidou e o menino nasceu forte e sadio. Já crescido, o menino era muito esperto e curioso, e seus pais, devido ao pacto com Òṣàlá, escondiam dele a existência do Céu. Só que o pai do menino tinha uma plantação que avançava para dentro do Ọ̀run, e quando saía para trabalhar na lavoura dizia que ia para outro lugar. O menino que andava desconfiado fez um furo no saco de sementes que o pai carregava para a plantação e seguiu a trilha das sementes até ao céu. Ao entrar no Ọ̀run, foi preso pelos guardiões que lhe levaram a presença de Òṣàlá. Òṣàlá logo reconheceu o menino que dera àquele casal e, revoltado com a desobediência, bateu com muita força seu Ọ̀pá ṣóró (cajado sagrado) que atravessou todos os espaços do Ọ̀run, criando assim a separação do infinito com a terra.


Depois do ocorrido, os Òrìṣà passaram a morar no Ọ̀run, os humanos no Àiyé, e só após a morte é que os espíritos retornam ao Ọ̀run.


Axé!



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