A vigorosa influência de Òṣàgiyán no domingo
Conta um mito yorubá que o verdadeiro nome de Òṣàgiyán era Akinjole. Akinjole era filho de Ogiriniyán e neto de Odùdúwà. Por ser o fundador de Èjigbò e por gostar muito de inhame, Akinjole era chamado, respectivamente, de Eléjìgbò e de Ògiyán.
Ògiyán tinha um amigo chamado Awoléjé que conhecia muitos Ebós. Com os seus conhecimentos Awoléjé ajudou Ògiyán a prosperar Èjigbò.
O tempo passou, Awoléjé ausentou-se de Èjigbò, mas um dia resolveu voltar e visitar o amigo. Só que Awoléjé não sabia que o prestígio de Ògiyán tinha crescido tanto, a ponto de todos na cidade o reverenciarem como Kábíyèsí (saudação usada somente para os reis yorubá). Quando Awoléjé dirigiu-se aos guardas do palácio de forma informal pedindo para falar com Ògiyán, os mesmos entenderam tal pedido como irreverência e prenderam Awoléjé no calabouço do palácio. Ressentido, Awoléjé utilizou seus conhecimentos e lançou uma maldição na cidade de Èjigbò, que passou a sofrer catástrofes.
Com a cidade em decadência, Ògiyán foi consultar um sacerdote que lhe disse a razão dos infortúnios. Ògiyán, então, mandou soltar Awoléjé imediatamente e pediu-lhe perdão. Awoléjé aceitou o pedido, mas impôs uma condição: que em todos os anos, durante a festa de Ògiyán, os habitantes de Èjigbò deveriam lutar entre si com golpes de Àtòrì.
Devido a esse mito yorubá é que na festa do 3º domingo das Águas de Òṣàlá, denominada Ọjọ Odó (Dia do Pilão de Òsàgiyán), acontece a cerimônia do Àtòrì. O Àtòrì é uma vara feita de galho da árvore de mesmo nome, originária da África tropical. Aqui no Brasil esta árvore é chamada de guaxima. É durante a cerimônia do Àtòrì, que Òṣàgiyán desculpa-se com Awoléjé, simulando golpes de varas nos habitantes de Èjigbò.
O ritual do Pilão de Òsàgiyán só pode ser feito num domingo, pois ele completa o ciclo das Águas de Òṣàlá, que é realizado em 17 dias, com uma sequência de três domingos. Daí, Òṣàgiyán ser denominado: “Ògbéni nã tání ọjọ olúwa ijọ̀sẹ̀!” (o Senhor do domingo!). Epà Bàbá!
Axé!