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Do seio da África ao Cais do Valongo

  • Paulo de Oxalá
  • 11 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

Neste domingo, 09 de julho, ecoou na sessão da Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco, um grito de alegria, misto desabafo e reflexão de Nilcemar Nogueira, atual secretária de Cultura do Rio, quando o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo ganhou o título de: ‘Patrimônio Mundial Cultural concedido pela Unesco!’


E não é para menos, pois afinal, aquele lugar foi o principal porto de entrada de escravos africanos no Brasil e representa a exploração e o sofrimento das pessoas que foram trazidas à força ao país até meados do século XIX. O título joga luz sobre um passado de escravidão que deixou como herança uma profunda desigualdade social entre brancos e negros e um racismo estrutural nem sempre reconhecido.


Comemorando, Nilcemar escreveu em seu Facebook que o título é "uma etapa essencial para o reconhecimento de uma memória que precisa ser revelada e, principalmente, reparada". "Este momento marca o início de uma nova fase em relação ao reconhecimento de uma história que, por muitas décadas, esteve nos subterrâneos do que oficialmente conhecemos do nosso país".

Em 1976, a Escola de samba Acadêmicos do Salgueiro apresentou o enredo de Edmundo Braga: ‘Valongo’. O enredo retratava a diáspora de milhões de africanos que foram retirados do seio da África, escravizados, e trazidos para construir o Brasil como Nação. Dentre as tantas etnias trazidas, o enredo ressalta os: Haussás, Jejes, Minas, Nagôs e Angolas. O samba, muito bem interpretado pela cantora Dinalva e Noel Rosa de Oliveira recomendava e avisava para a importância do Cais do Valongo como origem cultural do nosso país. Isso em 1976!


41 anos se passaram, e na 41ª sessão da Comissão de Patrimônio Mundial da Unesco, vemos o Valongo entrar para a história do Brasil, e do mundo, com tristeza pelas lembranças dos que por ali passaram, mas saudando a força e a contribuição trazidas por eles para esta terra.


Samba enredo do Salgueiro 1976

Valongo

Compositor: Djalma Sabiá

Intérpretes: Dinalva e Noel Rosa de Oliveira

Lá no seio d'África vivia

Em plena selva o fim de sua monarquia.

Terminou o guerreiro

No navio negreiro,

Lugar do seu lazer feliz.

Veio cativo povoar nosso país,

Seguiu do cais do Valongo,

No Rio de Janeiro,

Com suas tribos chegando.

Foi o chão cultivando

Sob o céu brasileiro.

Nações Haussá, Gegê e Nagô,

Negra Mina e Angola ,

Gente escrava de Sinhô.

Foram muitas suas lutas

Para integração,

Inda hoje

Desenvolveu

Desenvolvendo esta Nação,

Sua cultura, suas músicas e danças

Reúnem aqui suas lembranças.

O negro assim alcançou

A sua libertação

E seus costumes, abraçou

Nossa civilização.

Ô-ô-ô-ô, quando o tumbeiro chegou,

Ô-ô-ô-ô, o negro se libertou

Axé!


 
 
 

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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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