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Visita de Jorge Amado ao Pai João da Goméia

Paulo de Oxalá

Jorge Amado, autor do livro ‘Bahia de Todos os Santos -guias de ruas e mistérios’, relata uma história cheia curiosidades, quando de sua visita ao Terreiro do Pai João da Goméia na Bahia.

A primeira edição desse livro foi lançada em 1945, e o relato dessa visita é extenso, por isso, resumi a narrativa e me detive nos trechos que achei mais relevantes.


“De automóvel fomos buscar Alice, mãe pequena da Goméia. Outros Candomblés são importantes como: O Engenho Velho, Axé Opó Afonjá, porém nenhum é tão espetacular como o da Goméia. Um dos patronos da casa é o Caboclo da Pedra Preta e suas festas arrastam multidões. Pai Joãozinho da Goméia ou da Pedra Preta é um maravilhoso bailarino, digno de palco de grandes teatros.


Esse caminho de São Caetano, que leva à estrada difícil da Goméia, é percorrido por artistas, escritores e sábios que passam por Salvador. Sou Ogan deste Candomblé levantado por Yansã. Outro Ogan desta casa foi o saudoso Professor Roger Bastide, da Faculdade de Filosofia, de São Paulo e do Centre Recherches Scientifiques, da França.

No quilômetro 3 da estrada de rodagem, o automóvel muda de direção e parece que deseja rebentar-se sobre pequenas casas em frente. Desce uma rampa quase vertical e entra na estrada da Goméia. Pelo caminho encontram-se dois ou três Candomblés, mas a roça da Goméia é a mais importante.


Um cruzeiro assinala a entrada da imensa roça, com uma série de pequenas construções. Duas são maiores: a casa do pai de santo e o terreiro onde se realizam as festas.

Com muitos fios de contas, Joãozinho da Goméia nos recebe quase em frente à casa de Exu que fica próxima a entrada do Candomblé. Alice salta do carro, muito risonha, muito querida e respeitada no terreiro.


Joãozinho é um mulato moço, de olhos langues, corpo flexível de bailarino, agilíssimo, mas com voz mansa. Ele nos mostra a casa de Exu, depois a do Caboclo Pedra Preta, que não é uma casa, e sim uma grande árvore, cercada por bambu e enfeitada com muitas fitas.

Outras casas estão em torno da casa do terreiro. A casa de Yansã, a de Oxossi e lá no fim da roça está mais uma árvore sagrada que é dedicada aos eguns. Há outra árvore sagrada, uma jaqueira que não dá jacas. Aliás, Joãozinho nos explica que nenhuma das árvores da roça da Goméia produz frutos, e que nenhuma criação pode ser feita ali. “Não é uma chácara é um templo religioso”, afirma o pai de santo.


O terreiro está todo enfeitado com bandeirolas de papel. Numa extremidade está o altar sagrado dos atabaques que estão juntos com o agogô e uma cabaça.

Finalizamos ali nossa breve visita, vendo um pouco do encanto do Candomblé da Goméia.”

Através desta narrativa, com minha versão, aproveito para homenagear todos os descendentes do Pai João da Goméia e a toda a Nação de Angola!


Sakidila Mbuntu Ngola! (Louvada seja a Nação Angola!)

Aueto!


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Tags: Babalorixá, Simpatia, Búzios, Tarot e numerologia

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