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Paulo de Oxalá

O Tambor de Manaus e os índios do Pará


Em Manaus, cidade onde nasci, existia uma mulher muito conhecida, chamada por todos de “Dona Joana Galante”. Dona Joana era dona de um “Tambor” (é assim que lá são chamados os Terreiros e os rituais afro-brasileiros). Eu tinha de 6 para 7 anos quando minha mãe me levou a este Terreiro, sendo lá que pela primeira vez tive contato com o mundo espiritual, quando a própria Dona Joana falou para a minha mãe sobre minha missão religiosa.

O tempo passou e, devido ao trabalho da minha mãe como cozinheira na FAB (Força Aérea Brasileira), fomos morar em Jacareacanga - Município do Estado do Pará que na década de 60 era apenas uma vila no meio da selva. Esta vila ficava no meio das tribos dos índios Mundurukus e Kayabis. Estes índios praticavam agricultura, sendo também exímios caçadores e pescadores. Os mais velhos teciam cestos e faixas, enquanto outros, mais jovens, fabricavam lanças, arcos e flechas. As mulheres confeccionavam cocares, tangas, pulseiras, fitas e colares. E eram muitos desses adornos que os índios trocavam com minha mãe por latas de conserva que também eram transformadas por eles em utensílios do uso cotidiano. Aquilo tudo me encantava, pois como sou de origem Kayapó, a identificação era inevitável. Minha mãe conheceu um Pajé Kayabi (líder religioso da tribo) possuidor de muito conhecimento dos rituais praticados pelos nativos e foi ele que lhe ensinou várias poções e magias tribais.

Mas como disse o poeta: “O tempo não para”. Minha mãe deixou aquele emprego, viemos então morar no Rio de Janeiro e a profecia da Dona Joana Galante veio a cumprir-se. Eu fui iniciado para Oxalá por Mãe Thereza Fomo de Oxalá, responsável por me passar as doutrinas ritualisticas do Candomblé. Hoje, eu agrego tais conhecimentos com aqueles transmitidos pelo Pajé Kayabi a minha mãe carnal, para ajudar as pessoas na conquista do bem-estar.

Viva o Tambor de Manaus!

Axé!


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