Ɗangbé, a serpente da vida, fez a Viradouro campeã de 2024
Tambores e atabaques revelaram a força Jeje
A Viradouro é a campeã de 2024 com o enredo: Arroboboi, Dangbé!’, que conta a saga das sacerdotisas guerreiras, que guardavam os segredos do culto a Gbèsèn, a serpente sagrada do antigo Dahomé, atual Benin, que tem poder sobre a vida na terra.
A história conta que uma descendente dessas mulheres guerreiras, contadas pela Viradouro, foi Ludovina Pessoa, que era do Vodun Gu, que é destemido e também o senhor dos metais.
Aqui no Brasil, os africanos vindos do Dahomé eram chamados de ajeji pelos africanos yorubás que já estavam aqui. Com o passar do tempo, o termo ajeji virou Jeje, que identifica o Candomblé da Nação Jeje.
Segundo o Ogan Buda de Bobosa presidente do Terreiro Zógbódó Màlé Seja Húnde, Ludovina Pessoa foi a responsável pela fundação do culto Jeje no Brasil. Ele disse estar feliz com a vitória da Viradouro, que contribui com o seu enredo para o fortalecimento da Nação Jeje.
Gbèsèn é chamado de Dangbé (a serpente da vida) cujo um dos símbolos é o arco-íris. Ele é o Vodun responsável pela força que faz o nosso planeta girar no espaço. Por isso, é também representado por uma cobra engolindo a própria cauda.
Em um dos trechos do samba enredo da Viradouro, a importância de Gbèsèn é exaltada, quando diz que os Vodunsis os respeitam, clamam kolofé (pedido de bênçãos), e os tambores revelam seu Afé (moradia).
E sabiamente a bateria da Escola em suas paradas, tocava adarrum nos atabaques.
Foi merecidíssima a vitória da Viradouro, pois ao contar a saga das guerreiras Minó, que revela a descendência de Ludovina Pessoa, colocou o Jeje em evidencia para o mundo.
Parabéns Viradouro! Parabéns Povo Jeje!
Kolofé a todos!
Foto: carro alegórico com a Serpente – Viradouro - reprodução
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